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Sunday, September 20, 2015

Meu corpo com sua chegada

O que acontece com meu corpo quando estou à espera de um filho?

Que a natureza é sábia todos nós sabemos, mas a sua perfeição ainda nos surpreende.



O modo como ela prepara o corpo para a concepção, vai além de nosso alcance de entendimento. A formação do leite, os hormônios, a placenta, o útero que cresce empurrando todos os órgão a seu redor sem que isso acarrete grandes prejuízos, tudo é perfeitamente adaptado e criado.



O útero chega a aumentar cerca de cinco vezes em comprimento de seu tamanho normal e cerca de um quilo em seu peso (20 vezes mais), devido ao alongamento e hipertrofia de suas fibras musculares.



Os mamilos ficam maiores, mais pigmentados e mais eréteis logo no início da gestação, isso tudo para que eles fiquem mais fáceis de serem sugados durante o aleitamento materno. O colostro é formado nos canais lactíferos por volta do 3o trimestre de gravidez.



A progesterona é um dos principais hormônios gestacionais, e entre suas inúmeras funções, ela relaxa a  musculatura lisa, que é a musculatura de revestimento de alguns de nossos órgãos como estômago e vesícula biliar, desse modo o estômago com menos mobilidade demora mais tempo para fazer a digestão dos alimentos assim como a vesícula biliar, gerando a sensação de plenitude (empachamento) após as refeições, assim aumenta  a absorção dos nutrientes que ficarão mais tempo a serem digeridos no estômago e também nos intestinos para serem melhores aproveitados pelo bebê, porém isso pode ocasionar constipação intestinal materna.


O aparelho cardiovascular também sofre adaptações, para que ele seja  capaz de bombear mais sangue para os novos tecidos que estão sendo formados, o coração sofre  uma verdadeira hipertrofia e o volume sanguíneo total aumenta proporcionalmente, cerca de 30 a 40% (1 a 1,5 litros) a mais do habitual.



Todas essas adaptações cardiocirculatórias que ocorrem visam também fornecer uma reserva sangüínea, que pode ser essencial durante o trabalho parto onde ocorre muitas vezes grandes perdas.




A progesterona age também no centro respiratório, aumentando assim a freqüência respiratória e o volume de ar que entra nos pulmões (de 7L para 10L), essas alterações contribuem positivamente para as trocas gasosas que ocorrem na placenta,  mantendo os níveis de oxigênio adequados para o bebê.


Há o aumento da produção de estrogênio, o qual estimula tanto o desenvolvimento uterino quanto o desenvolvimento de ductos lactíferos mamários, preparando o corpo para a produção de leite.



As cartilagens da área pélvica ficam como se estivessem embebidas literalmente em quantidades enormes de hormônios, essas tornam-se amolecidas, tudo isso para possibilitar seu estiramento durante o trabalho de parto. A relaxina, um hormônio produzido durante a gravidez pela placenta e corpo lúteo participa juntamente com a progesterona desse relaxamento necessário das fibras musculares pélvicas.





A mobilidade pélvica fica aumentada, dificultando muitas vezes o caminhar materno.


O colo uterino torna-se também mais macio, encurtado e elástico, com o aumento da secreção vaginal para facilitar a passagem do bebê.


Essa foi apenas uma introdução para exemplificar como a natureza prepara todo corpo como se ele fosse uma casa para recepcionar seu bem maior, seu filho que é a certeza de que todo amor existe e está dentro de você.



Prepare a casa para recebê-lo, não só a concreta mas sim seu corpo, alimente-se bem, medite e beba muita água, assim sua casa estará sempre limpa para o desenvolvimento adequado de seu bebê.




Por Patrícia Santinello Migliorini

É natural de São Paulo. Médica, formada pela Universidade Jose do Rosario Vellano em Alfenas. Atualmente médica residente no Hospital Dr. Mario Gatti em Campinas. Pediatria é a sua paixão.

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